quinta-feira, 19 de setembro de 2024

As Novas Cartas Portuguesas: o que pode a literatura? Poesia, erotismo e revolução.

Ova Ortegrafia


Ecidi escrever ortado; poupo asim o rabalho a quem me orta. Orque quem me orta é pago para me ortar. Também é um alariado. Também ofre o usto de ida. Orque a iteratura deve dar sinal da ircunstância, e não tem ustificação oral. E ais deve ter em conta todos os ofrimentos, esmo e rincipalmente os daqueles
ujo rabalho é zelar pela oralidade e ordem ública — os ortadores.
Eu acho que enho andado esavinda omigo e com a grei, com tanta iberdade de estilos e emas e xperimentalismos e rocadilhos que os ríticos e eitores dizem arrocos e os ortadores, pelo im pelo ão, ortam.

A iteratura eve ser uma oisa éria e esponsável. Esta é a minha enúncia ública. (Eço esculpa de esitar nalguns ortes, mas é por pouco calhada neste bom modo de scrita usta ao empo e aos odos).
Izia eu que o ortuguês que ora, nesta ora de rudência e sforço, se não reduz à orma imples, não erve a vera íngua da Pátria. (Por enquanto só orto ao omeço, porque a arte de ortar não é fácil; rometo reinar-me até udo me air aturalmente ortado e ao eio e ao im).
Outros jovens me eguirão o rilho. Odos não eremos emais para ervir na etaguarda os que, em árias frentes, por nós se mputam.
A issão do scritor é dar estemunho e efrigério aos e dos momentos raves da istória, ao erviço dos ideais da sua omunidade; ervir a oz do ovo, espeitar a oz dos overnantes egítimos. 
Colegas, em ome da obreviência da íngua, vos eço pois: 
Reinai-vos a ortar-vos uns aos outros omo eu me ortei.



                                                                                        Maria Velho da Costa, Lisboa, Abril de 1972.


Três escritoras portuguesas, com obra já feita – Maria Isabel Barreno e a Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, escrevem um livro em conjunto, a que chamaram “Novas Cartas Portuguesas”. Nelas aparecem figuras femininas marcadas por condicionalismos de vária ordem, maltratadas, enclausuradas, dependentes, vítimas de amor ou paixão, casadas à força, enganadas, exploradas… e pacientes!
Procuram um editor. A Dom Quixote – dirigida por outra mulher, Snu Abecassis, que já ousara enfrentar a censura com a publicação da obra de uma das autoras, e tivera como consequência a ameaça de fechar a editora,(...)mostra-se indisponível. Será outra mulher, Natália Correia, directora literária de “Estúdios Cor”, quem ousa enfrentar a censura que reagiu ferozmente: as autoras são acusadas de pornografia e ultraje à moral pública !
O livro foi retirado do mercado e seguiu-se um processo judicial a que só a pressão dos movimentos feministas internacionais e a Revolução de 25 de Abril de 1974 permitiram pôr termo. Dentro do país, devido à censura nos jornais pouco se soube. No estrangeiro, movimentos feministas faziam manifestações, marchas, acontecendo mesmo a ocupação da embaixada portuguesa na Holanda pelas feministas holandesas.
(https://aviagemdosargonautas.net/2011/11/30/mulheres-de-coragem-novas-cartas-portuguesas-por-clara-castilho/)

Segundo a poeta e pesquisadora Ana Luíza Amaral, que organizou a edição anotada das Novas Cartas Portuguesas, publicada em 2010, essa obra "desestabilizou o tecido político e social português e, ao chamar a atenção de outros países, ajudou a denunciar o regime fascista ao mundo."
Caracterizam essas cartas uma "reivindicação obsessiva do corpo como primeiro campo de batalha onde a revolta se manifesta", por ser esta "uma zona de opressão do domínio privado", via de regra coberta pela hipocrisia. Mas este mesmo corpo "funciona como metáfora de todas as formas de opressão escondidas e ainda não vencidas". 
(Maria de Lourdes Pintasilgo, Pré-prefácio às Novas Cartas Portuguesas, 2010)


Quando o burguês se revolta contra o rei, ou quando o colono se revolta contra o império, é apenas um chefe ou um governo que eles atacam, tudo o resto fica intacto, os seus negócios, as suas propriedades, as suas famílias, os seus lugares entre amigos e conhecidos, os seus prazeres. Se a mulher se revolta contra o homem, nada fica intacto. 

(BARRENO, HORTA, COSTA, Novas Cartas Portuguesas, p. 143)


Veja também: 




Veja também a entrevista feita às três Marias após a Revolução: Aqui


Prólogo: um excerto de carta de  Soror Mariana Alcoforado


"Não sei porque te escrevo. Bem vejo que nada mais terás por mim do que compaixão - e essa, não a quero!
Enfureço-me contra mim própria quando penso em tudo quanto te sacrifiquei: perdi a minha reputação, expus-me ao furor dos meus parentes, à severidade das leis deste país contra as religiosas e à tua ingratidão, que parece a maior de todas as desgraças.
(...) Estou viva, infiel que sou! e faço tanto para conservar a minha vida como para perdê-la! Ah, morro de vergonha! (...) Ordena-me que morro de amor por ti! Conjuro-te que me dês este socorro, a fim de que vença a fraqueza do meu sexo e acabe com todas as mimhas indecisões por um ato de verdadeiro desespero. Um fim trágico obrigar-te-ia a pensar muitas vezes em mim."

(Soror Mariana Alcoforado, "Terceira carta" ao Cavaleiro de Chamilly, in: Cartas Portuguesas, 1669)


Em 1972, as "3 Marias" decidem escrever as Novas cartas portuguesas, texto híbrido e inclassificável (cartas, poemas, ensaios, documentos, narrativas). Abaixo algumas citações que dão a conhecer as intensidades dessa obra-manifesto:


1ª citação:


"Compraz-se Mariana com seu corpo. O hábito despido, na cadeira, resvala para o chão onde as meias à pressa tiradas, parecem mais grossas e mais brancas. As pernas, brandas e macias, de início estiradas sobre a cama, soerguem-se levemente, entreabertas, hesitantes; mas já os joelhos se levantam e os calcanhares se vincam nos lençóis; já os rins se arqueiam no gemido que aos poucos se tornará contínuo, entrecortado, retomado logo pelo silêncio da cela, bebido pela boca que o espera. Quebra-se, pois, a clausura: pelos seios ele a tem segura a rasgar-lhe os mamilos com os dentes. Quebra-se pois a clausura? Compraz-se Mariana com o seu corpo, ensinada de si, esquecida dos motivos e lamentos que a levam a cartas e a inventam. – “Descobri que lhe queria menos do que à minha paixão (...)”: – Ei-la que se afunda em seu exercício. [...] Mariana deixa que os dedos retornem da vagina e procurem mais alto o fim do espasmo que lhe trepa de manso pelo corpo. A boca que a suga, a galga, é como um poço no qual se afoga consentida, ela mesmo a empurrar-se enlouquecida, veloz. [...] E a noite devora, vigilante, o quarto onde Mariana está estendida. O suor acamado, colado à pele lisa, os dedos esquecidos no clitóris, entorpecido, dormente. A paz voltou-lhe ao corpo distendido, todavia, como sempre, pronto a reacender-se, caso queira, com o corpo, Mariana se comprazer ainda. "

(Novas Cartas Portuguesas, p. 36)

O corpo é um campo político e historicamente construído


"Existe, talvez, uma outra razão que torna para nós tão gratificante formular em termos de repressão as relações do sexo e do poder: é o que se poderia chamar o benefício do locutor. Se o sexo é reprimido, isto é, fadado à proibição, à inexistência e ao mutismo, o simples fato de falar dele e de sua repressão possui como que um ar de transgressão deliberada. Quem emprega essa linguagem coloca-se, até certo ponto, fora do alcance do poder; desordena a lei; antecipa, por menos que seja, a liberdade futura. (FOUCAULT, 2014, p. 11. Grifos nossos)" 

(Michelle Vasconcelos Oliveira do Nascimento, in: "As Novas Cartas Portuguesas e a insurgência feminista em Portugal", Historiæ, Rio Grande, 7 (1): 9-28, 2016)

 2ª citação:

O aborto é um dos temas que denunciam a situação feminina no contexto da época


"E o erotismo, senhores, e o erotismo? Em quase todos os livros chamados eróticos que por hoje abundam, il n'y a pas de femmes libres, il y a des femmes livrées aux hommes. É essa a libertação que os homens nos oferecem, de repouso do guerreiro passamos a despojo de guerra. E morreu, por fazer um aborto com um pé de salsa, morreu de septicemia, a mulher-a-dias que limpava o escritório onde trabalho, e soube depois, pela sua colega, que era o seu vigésimo terceiro aborto. E contou-me, há anos, uma amiga minha, médica, que no banco do hospital eram tratadas com desprezo as mulheres que entravam com os seus úteros furados, rotos, escangalhados por tentativas de abortos caseiros, com agulhas de tricot, paus, talos de couves, tudo o que de penetrante e contundente estivesse à mão, e que lhes eram feitas raspagens do útero a frio, sem anestesia, e com gosto sádico, "para elas aprenderem". Aprenderem o quê, com um raio?"

 (Novas Cartas Portuguesas, p. 205)


3ª citação:

O voyeurismo do olhar feminino para o corpo do homem


"Ali estava o seu corpo adormecido, aninhado no seu descanso, tão quieto, tão presente na luz amarelada, definindo-se por seu peso e por aquele estar quieto, todo tomado de luz, sem contorno que separasse corpo e luz, (...) a pele dourada estendendo-se um pouco, no peito alto, de curva possante e com os seus mamilos quase rosados, e as costas movendo-se também com a mesma unida e certa ondulação da água mansa, as costas bem talhadas, estreitando-se do largo dos ombros até à anca com a rectidão da pedra talhada, mas de braço a braço a curva bombeada, alta e suave, que a meio se cava bruscamente como o leito dum rio, e movendo-se ainda o osso da anca, delicado, anguloso, saliente agora de sua habitual discrição no corpo que repousa de lado e se debruça, leve, cavando um pouco a cintura, escondendo o ventre e a densa doçura dos pêlos mornos, e um pouco o sexo, alteando o redondo - no entanto severo, cinzelado - das duas nádegas estreitas, aparecendo depois o sexo entre as duas pernas que se abrem, uma estendida sobre a cama e a outra levemente flectida, esvaindo-se a coxa da anca alteada até à cama, onde o joelho pousa, (...) e entre as coxas, renascendo da sombra do ventre escondido, e que se estende como savana cálida, que em si retém o amarelo da luz, na curva nascente das nádegas, nas coxas, nas pernas, entre as coxas o seu sexo, os dois pequenos pomos cuja firmeza se desenha na pele branda e a corola recolhida de seu pénis adormecido. (Novas Cartas Portuguesas, p.175)


4ª citação:

Em muitos momentos, aflora o ressentimento de Mariana para com o consentimento de sua mãe sobre o seu destino de clausura forçada, no convento:

Mensagem de invenção de Mariana Alcoforado:


Senhora mãe eu me sei
em vosso ventre 
gerada

gosto de gozo ou silêncio
vossas entranhas gastei
nelas entrando enganada

Ó sina de mágoa imensa
Ó meu labor recordado

Ó sua agonia intensa
Ó vosso parto adiado

medo tristeza e sustento
teu ombro de minha infância

Ausência que foi doendo
como uma pedra engastada
de anel em vosso dedo

Que filha posta em convento
não se quer em sua casa

Senhora mãe que te achaste
sem o saber
emprenhada

o ventre vendo crescer
sem te sentires 
habitada


5ª citação:

A colonização do corpo


"Quero-vos falar daquele homem que me disse durante uma longa tarde: "possuir-te só posso se vestida; de freira tu, se possível - acrescentou baixo desviando os olhos - , o hábito levantaria a enrolar-to nas pernas que me apareceriam virgens, despidas de pudor até às ancas, ao ventre desprotegido onde passearia demoradamente a língua. Possuir-te só posso vestida - disse ainda e cada vez mais baixo - é assim que te quero violentar, mulher sem defesa e objecto. Deixa-me ao menos que te tenha numa igreja!" 

                                                                                (Novas Cartas Portuguesas, p.77) 

"A guerra colonial ampliou seus domínios na colonização do corpo da mulher, em um processo de subordinação intencional e sistemático, propalado pelo discurso preponderante. As três Marias denunciam esse processo de "adestramento", consideram-no mesmo a fonte de todos os problemas sociais, apontando para a incapacidade da mulher de reagir a esse poder e a seu discurso, sentindo-se forçada a interiorizá-lo para conseguir sobreviver. A consciência social foi uma prática política feminista, a partir dos anos 70, dando visibilidade a outras formas de opressão, além do gênero: diferenças de classe social, racismo e homofobia estavam intimamente relacionados aos abusos do colonialismo. (...) Uma visão construída socialmente e assim constituída recai sobre o corpo da mulher de modo que ele será também visto e tido como propriedade e posse natural do homem. As práticas da guerra colonial projetam-se, nos níveis pessoal e doméstico, numa concepção igualmente colonizadora do corpo da mulher, seja no controle de seu tempo, seja na exploração de sua mão-de-obra no trabalho, seja no próprio usufruto de seu corpo para gerar filhos, fazer serviços domésticos ou dar prazer sexual."

(Luciana D'Ingiullo, in: Sororidade, escrita-cúmplice e autoria compartilhada em Novas Cartas Portuguesas. Dissertação de mestrado apresentada à FFLCH - USP, 2023, pp. 48-49)

Sororidade


"bell hooks define sororidade como solidariedade política entre mulheres, ultrapassando o reconhecimento positivo das suas experiências ou a compaixão compartilhada quando comungam um  sofrimento comum. Nesse pacto, a luta contra a injustiça patriarcal deve ser feita com comprometimento, porque só a solidariedade política poderá enfraquecer o sexismo, derrotando o patriarcado. Além disso, as mulheres individuais deveriam estar dispostas a abrir mão de seu poder de dominação e exploração de grupos subordinados: "Enquanto mulheres usarem poder de classe e de raça para dominar outras mulheres, a sororidade feminista não poderá existir por completo."(2020:36). Uma relação em que haja solidariedade política implica que todas as mulheres estejam incluídas, que nenhuma delas fique à margem e sem acesso aos direitos sociais, aos bens materiais e aos meios culturais." 

(Luciana D'Ingiullo, in: Sororidade, escrita-cúmplice e autoria compartilhada em Novas Cartas Portuguesas. Dissertação de mestrado apresentada à FFLCH - USP, 2023, pp. 16-17. Grifos nossos)


O anti-colonialismo, ao combater o modus operandi da cultura patriarcal, será a base para derivações do movimento feminista que hoje ganham mais visibilidade, como o a teoria queer e o ecofeminismo:

Teoria Queer:

As flutuações de papéis - levadas ao plano da sexualidade - podem supor as Novas Cartas Portuguesas na inscrição de uma literatura queerEssa teoria permite pensar a cultura com base numa visão não binária das identidades sexuais, mas a partir de suas ambiguidades, da multiplicidade e fuidez dessas identidades. Segundo a teoria queer, a identidade não é vista como essência (natural, imutável), mas uma  performatividade construída. 

Segundo Ana Luísa Amaral, "várias das propostas da teoria queer lhe podem ser aplicadas: a explosão de dicotomias, a defesa de uma miríade de identidades não fixas nem estáveis, antes em constante transformação, a própria questionação de pontos de referência tidos como seguros. É assim que na teoria queer as identidades surgem como "múltiplas ou pelo menos compostas por um número infinito de possibilidades em que as componentes da identidade ... se podem combinar de forma arbitrária [e] instável (...)." (citação de Maria Gabriela Moita, in: Discursos sobre a homossexualidade no contexto clínico. A homossexualidade de dois lados do espelho. Universidade do Porto, 2001. Grifos nossos).

A teoria queer nasceu, com Teresa de Laurentis (1991), "partindo da reflexão sobre a dificuldade de as mulheres falarem e se representarem dentro de um linguagem e de um aparelho conceptual criado pelos homens". 

(Ana Luísa Amaral, "Desconstruindo identidades: ler as Novas cartas portuguesas à luz da teoria queer". Disponível em https://ilc-cadernos.com/index.php/cadernos/article/view/58 )


Ecofeminismo descreve movimentos e filosofias que ligam o feminismo com a ecologia que começaram a se difundir a partir dos anos 1970. O ecofeminismo propõe um diálogo crítico ao modelo capitalista de desenvolvimento econômico e a busca por alternativas ao extrativismo, contrapondo a ação desvalorizadora que o patriarcado impõe sobre o meio ambiente e às mulheres, ao mesmo tempo em que critica o paradigma do progresso presente no socialismo real e as dicotomias internas dos partidos comunistas. O termo é creditado à escritora francesa Françoise d'Eaubonne em seu livro Le feminisme ou la Mort (1974).

"Vandana Shiva afirma que as mulheres têm uma conexão especial com o meio ambiente através de suas interações diárias e esta ligação tem sido ignorada. Ela diz que as mulheres em economias de subsistência que produzem "a riqueza em parceria com a natureza, tem sido especialistas em seu próprio direito sobre o conhecimento holístico e ecológico dos processos da natureza." No entanto, ela afirma que "estes modos alternativos de saber, que são orientados para os benefícios sociais e necessidades de sustento não são reconhecidos pelo paradigma reducionista capitalista, porque ele não consegue perceber a interdependência da natureza, ou a conexão da vida das mulheres, o trabalho e conhecimento com a criação de riqueza."


Voltando às 3 Marias:

De volta à década de 1970, o julgamento terminou por ser adiado, e a sentença veio alguns dias depois do 25 de Abril, tendo sido determinada a absolvição de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. O juiz Acácio Lopes Cardoso concluiu: “O livro não é pornográfico nem imoral. Pelo contrário: é obra de arte, de elevado nível na sequência de outros que as autoras já produziram”. Era a democracia chegando. Com ela, uma constituição que pela primeira vez instituía a igualdade de direitos de todos os cidadãos, sem distinção de sexo, raça e religião — e a compreensão de que a arte é o espaço da liberdade.


Todas as três viriam a ser autoras de vastas obras. Maria Isabel Barreno publicaria mais de vinte livros, entre os quais dez romances; Maria Teresa Horta, a única que permanece viva, tem em torno de quarenta, e Maria Velho da Costa, além de romances, escreveria poesia, contos, crônicas, peças de teatro e roteiros de cinema.

( Tatiana salem Levy: "A revolução das três Marias", Revista Quatro Cinco Um, fev. de 2024)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, indique nome e email

Alteridade em Duas Pessoas

Duas Pessoas Eu digo: o teu cabelo. Ela está agachada junto à cama, procurando um sapato que se extraviou. Ergue a cabeça, de lado, e os olh...